Pra começar, Pessoa!
Como não poderia deixar de ser, começo meu trabalho aqui com um poema do mestre Fernando Pessoa, texto que, inclusive, me motivou a começar a publicar meus textos na net. Compartilho com vocês agora...





Da mais alta janela de minha casa,
Com um lenço branco
Digo adeus aos meus versos que partem para a humanidade.

E não estou alegre nem triste.

Este é o destino dos versos...

Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.

Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.

Quem sabe quem os terá?
Quem sabe a que mãos irão?

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.

Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.

Passo e fico, como o Universo.
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2 Responses
  1. Araújo parabéns, o seu mais novo blog esta muito lindo... e me sinto privilegiada de estar sendo a primeira deixa um comentário, e lhe peço que não fique chateado caso não me segure e abiscoite alguns de seus textos, crônicas, e poesias..sinta-se a vontade se abscoitar os meu também ... rsrs beijos inté mais


  2. Eu fico extremamente feliz de ter o seu comentário sendo o primeiro por aqui.

    Se quiser, pode "abiscoitar" (gírias idosas) alguns textos sim, contanto que me dê os créditos, senão é plágio, né? rsrsrsrsrsrsrs

    Um beijo enoorme e faça outras visitas.

    Murilo