Coisa vil dos dias...
As coisas estão confusas...
Caminho na rua,
Na noite,
Num deserto,
E um turbilhão de palavras
Me toma a cabeça.
Preocupado em vomitá-las,
Não sei como as cuspirei nesses versos,
Esses versos tão carregados do meu vício pelas coisas banais e poéticas
Esse vício que me torna torpe,
Torto, aos teus olhos...
O vício que me torna egocêntrico,
Excêntrico,
Que me faz negar negar negar tudo...
Qualquer tudo que venha de outros,
O nada.
O nada para essa minha doce alma vil
Que só deseja ser preenchida por algo novo,
Algo carregado da poesia simples das coisas vãs.
Minha garrafa de vinho são meus versos.
Meus cigarros são eles.
Nos quais me atiro e me perco
E por um instante sumo desse mundo sem adjetivação...
Me lanço numa aventura minha
Louca, como eu,
Mas torta, aos teus olhos...
Ah...
Como não entendes?
Por mais vazio que pareça,
É o álcool do meu vinho,
A palha de meu cigarro,
A essência inútil dos meus versos inúteis...
Isso é o que me sacia...
É a coisa vil dos dias
Que de verdade me completa...

Gabriel Katú