Último romance
Não sei como consigo não chorar todas as vezes que escuto esse som...
Enfim, releituras para a vida.........





Eu encontrei-a quando não quis mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer...
Antes um mês e eu já não sei

E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei...
E ninguém dirá que é tarde demais,
Que é tão diferente assim
...
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!

Me diz o que é o sufoco,
Que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar

E se o caso for de ir à praia, eu levo essa casa numa sacola...

Eu encontrei-a e quis duvidar...
Tanto clichê deve não ser...
Você me falou pr'eu não me preocupar:
Ter fé e ver coragem no amor...

E só de te ver,
Eu penso em trocar a minha TV num jeito de te levar a qualquer lugar que você queira
,
E ir onde o vento for, que pra nós dois sair de casa já é se aventurar...

Ah vai!

Me diz o que é o sossego
,
Que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar...
E se o tempo for te levar,
eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar

Los Hermanos (Rodrigo Amarante)

...
Poema rido...




Talvez a identidade que não revelo (ainda)
Seja a que melhor me expresse...
Talvez só me conheçam
Alguns poucos olhares...
Algum definitivamente ausente
(Que me traduziu antes de mim)
E alguns outros olhares
Que nunca me viram:
Desonestidade mútua,
Cúmplice,
Incerta,
Viciante...
Deixar-se conhecer por alguém
Que talvez nunca apareça
Que talvez desapareça
Pela ação instantânea da vara mágica
Que lança poluição invisível pelos ares...
Teoria do caos?
É...
Lembro-me também dos olhar que provoca
E externaliza meus gritos abafados pelo medo...
Medo do mais me deveria despertar confiança...
Curtos espaços de tempo
(Que é o tempo, de fato?),
Grandes transformações - ou novas descobertas do que foi silenciado um dia
E que hoje, enfim, transforma-se em palavras
Ditas e não-ditas (porém nunca caladas),
Ao menos reconhecidas por essa história minha,
Nessa história minha
E nesse presente ápice meu...
Devaneios...
(Passamos eras acumulando barris de pólvora,
E, de repente,
A mínima faísca gera uma explosão:
Metáfora da gente)
Tirei a máscara que usava ao espelho,
E decidi abominá-la de algumas peças minhas.
Não de todas,
Assim como não deixarei de usar minhas máscaras em algumas cenas ainda,
Porque são necessárias...
E porque, no fim das contas
Traduzem a essência da gente
(Mutável ou não?).
Troquei as peças do guarda-roupa (ou descobri outras lá dentro).
Pretendo usar as novas (ou velhas escondidas)
Para ir a alguns encontros,
Com os outros...
E especialmente comigo...
(Risos livres de um peso...)

16/03/2009

...
Na chuva...


A chuva me traz lembranças daquele dia
O som dos pingos no telhado me traz você
Minha memória flutua por tudo...
E tudo me faz lembrar
A música
A chuva
As pessoas...
Eu, parado...
Você, feliz...
Me mostrando que teu algo de mágico
Estava escondido num lugar que não via...
Você estava linda,
Algo mais que a garota bonita de todos os dias,
Beleza que não via, mas que me tocava...
Tua felicidade sublime me atingia
Me fazia viajar... em transe...
E me entreguei,
Caí na chuva contigo
Peguei na tua mão,
E dançamos, juntos...
Uma celebração, um rito...
E aprendi com você a felicidade das coisas que não se vêem...
E aprendi com você a doar a você um sentimento forte...
Que não se vê,

Mas que é forte...

14/09/2007

...
Janela



Sento-me na janela alta
E sou nostalgia...
Como tenho sido há tempos...
O vento não move as folhas das árvores,
Porque não passa,
E tudo é parado e mórbido
Por um não seu quê
Que angustia e prende...
Queria a janela da poesia de outrora,
A que prendia pelo encanto
Que tinha perfume e moleque (“moleque vento levado”)
E cabelos de moça... brinquedo...
A janela da poesia de outrora
Do inocente amor de menino
Carregada agora da paixão de poeta louco...
Talvez falte o vento
Por faltar-te (ele não vem brincar contigo).
Talvez haja apenas a poesia triste (e sedenta de vinho)
Que ainda me deixa aqui, na janela
Caneta e papel.
Ah, poesia triste (sedenta de vinho)!
Ah, sede de vinho...
Sede de jogar vermelho em tua roupa branca
Pintar-te da cor do meu sangue,
Sangue bêbado de bêbado poeta de janela...
Sede de beber em ti,
De beber-te,
Gota a gota o que tiveres a dar...
De deixar-te provar-me
Até nos embriagarmos da loucura
Das paixões vãs e verdadeiras,
Efêmeras e sublimes,
Vermelhas e bêbadas...
Entregues completamente á beleza de mim e ti,
Quando juntos, um só...

Gabriel Katú, 26/01/2009