Óleo quente..

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Dá vontade de pegar assim na tua mão estendida
Sentir pulsar essa coisa toda aqui dentro
Te lançar outra vez o olhar fundo com que te olhei agora há pouco
E te dizer que tá tudo sacudindo de novo,
Te falar que tô fora de mim,
Meio perdido sobre todas as reações,
Meio calado,
Muito cansado,
Juntando isso tudo com a “dor e a delícia” de te ter por perto a toda hora.
A tua presença inquieta e vicia.
Talvez eu já até estivesse meio livre das coisas...
Mas minha cabeça viajem constrói tudo de novo,
Outra vez vendo as coisas que quis ver.
Outra vez as lágrimas caindo no rosto junto com a água do chuveiro,
Outra vez o palito pegando fogo na panela de óleo quente...
Minha mãe quem ensinou...
Tudo de novo.
De novo eu sinto,
De novo mexe.
Tá de novo aqui.
(Anulação completa de qualquer das preocupações
Para dar toda atenção ao teu menor sorriso triste.)
Quase tudo...
Madrugada de segunda-feira,
Mochila, casaco vermelho...
E a falta de um beijo atrás da porta...
Fantasiei de novo, não sei mais nada.
Tá aqui outra vez.

05/11/2009
In-Desconcentração
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Quero de novo a loucura da embriaguez...
Quero beber de novo um gole de álcool
Pra sair da sanidade dos meus dias rotineiros
E soprar ao teu ouvido que te quero...
Morder a tua orelha no meio de todo mundo,
Te sentir perder o fôlego com o ar que quente que eu soprar no teu pescoço,
Respirando fundo,
Entre gargalhadas indecentes,
Minhas e tuas,
Com as mãos coreografando entre tecidos e pele,
Aos poucos de despindo, já na minha casa, ou já na tua cama...
Já à meia luz...
Embaixo do chuveiro...
Loucos contra a parede.
Nus, como loucos (escondidos, como sóbrios)...
Se apertando, nenhuma sensatez,
Fome meio voraz do beijo que beija além do lábio,
Sexo, prazer,
Abraço quente após o gozo,
Sono leve, música baixa...
Companhia...
18/09/2009
...
Proximidades...
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A droga da ausência não te afasta
Você está aqui,
Perto,
Junto,
Colado.
Posso ouvir a tua respiração perto de um jeito que sempre desejei, sem saber...
O que mais me dói
É lembrar que não há lembranças...
Dói o arrependimento de não ter te posto na parede,
Dói sentir que nunca estivemos juntos
(Não como deveria ser para que realmente fosse).
Hoje te lembro
E te acho na tua ausência...
Tua presença imaterial mais uma vez me desconcentra
Desconcerta...
Olhar para o sorriso alheio (que é sempre teu)...
Presença torturante e viciante,
Bebida amarga,
Álcool bom...
(E aqui estou eu outra vez, com meu discurso de poeta boêmio,
Só que pra falar a angústia que dá
De lembrar do que nunca aconteceu...)
Quando te verei de novo?
Quando, outra vez,
Esquecerei do mundo pra me derreter ao teu sorriso tímido
E ao teu balançar de cabelos?
Ousarei confessar a ti o que só agora compreendo?
E você, me perdoará por ter feito de ti o meu pecado
E o meu sagrado?
Crises...
Crise por ter-te sempre perto
(Memória do que não houve,
E arrependimento do que talvez não será)...
Crise por ter-te perto na angústia,
Angústia por querer-te ainda mais perto,
Só que em carne, corpo,
Sangue, alma...
Tudo o que tivermos a dar...


24/03/2009
Mutante

Juro que não vai doer se um dia eu roubar o seu anel de brilhantes...
Afinal de contas, dei meu coração e você pôs na estante,

Como um troféu, no meio da bugiganga

Você me deixou de tanga...


Ai de mim, que sou romântica!

Quando eu me sinto um pouco rejeitada,

Me dá um nó na garganta...

Choro até secar a alma de toda mágoa,

Depois eu passo pra outra,

Como Mutante...

No fundo, sempre sozinho...

Seguindo o meu caminho...


Ai de mim, que sou romântica!


Kiss me, baby, kiss me!

Pena que você não me quis...

Não me suicidei por um triz...


Ai de mim, que sou assim...

Romântica...


Daniela Mercury
(trilha sonora dos últimos dias...)
Portão


As coisas passam lentas,
Mas de repente,
O momento bom acabou:
Você apareceu e já foi embora,
Chegou tão perto
E nem me viu...
O meu "olá!" ansioso pula dos lábios
Pedindo o teu sorriso educado
O sorriso que talvez seja essa coisa que procuro em você,
Pra tentar entender por que a tua imagem vai martelar tanto hoje,
Como tem persistido todo dia,
No querer singelo com que te desejo...
Te quero como meu brinquedo.
Ter-te toda, inteira, minha,
De um jeito impossível
Pra te cobrir de todos os desejos e cuidados e carinhos
Que o teu olhar pede...
Te quero como meu par...
Andar contigo, dormir contigo, comer contigo,
Sonhar contigo um sonho só...
Conto de fadas avesso que crio na minhja cabeça,
Depois de falar mal de todas as fantasias...
Te quero com um cuidado que me seca a garganta,
Uma ânsia que não se traduz,
Porque não é só o suor frio e os versos corridos,
Mas um outro balançar lá dentro
Que talvez provoque tudo isso,
Que me desconcerta de todo,
Só por ver teu rosto quase adolescente...
Só por ver teu corpo...
Só por sentir essa beleza que me cativa de um jeito a criar versos...
Incomodados e doces,
Versos desconcertados,
sublimes e agitados,

Frutos de um ferver esquisito,
Cheio de facetas aqui, no peito...
Facetas talvez inexpressíveis em caneta,
Mas intensas ao ponto de ser necessário controlar cada ímpeto de te pegar pra mim,
Realizar todos os desejos insanos e singelos,
E depois fazer vigília,
Para que nada atrapalhe o sono dessa minha companhia doce...

Talvez nada...


As pontas do meu quarda-chuva não são paralelas.
Que há de poético em eu dizer isso?
Talvez nada...
Mas talvez as gotas poéticas da chuva poética,
Ou a poética falta de gente na noite da rua poética,
Ou a poética falta de letra na interminável música poética,
Ou talvez tudo isso junto me inunde de um não-sei-quê (poético),
E me faça admirar as tais pontas do meu guarda-chuva.
Poético?
Talvez tudo isso junto é que me faça dizer essas coisas sem sentido...
Que é o sentido?
Paro e penso que todos sentimos coisas completamente sem sentido...
Mas todos cobramos sentido nas coisas.
Talvez dizer isso seja andar contra todo o fluxo de gente...
(E entre essas divagações, percebo que todos caminham no rumo oposto, agora...
E todos, eu, eles e elas caminhamos em busca de algo,
Talvez algo que faça algum sentido,
Por mais que a naturalidade das coisas não nos deixe perceber essa busca...
Por mais que a naturalidade que as coisas ganham não nos deixe percebê-las como são...)
Perceber as coisas como são é encontrar o sentido delas?
Quantas delas têm sentido?
O que motiva a caminhada?

Passo por alguém que boceja...
E chego à conclusão de que pontas de um guarda-chuva podem render boas filosofias...
Ao menos algo que ao menos eu julgue poético...
E seguirei meus dias,
Fazendo valer essas coisas talvez inúteis...

24/03/2009
Novidades!
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Clima novo, Caixa nova, galera!

Quem acompanhou o Audácia Crítica na última semana ficou por dentro do clima de novidades que estava pintando... e acho que nem precisa escrever nesse post o tanto de mudança que rolou nessa minha caixinha tão amada...

Mal você entrou e já deu de cara com um super novo layout...
Mal você se assustou com a cara nova, e começa a tocar uma música super louca, que talvez tenha embolado na do seu computador, ou te assustado numa leitura de madrugada...

O Caixa de Poesia recebe uma super reforma, que vem acompanhada da despedida de um dos nossos links... Como eu já disse, que acompanhou o Audácia Crítica na última semana, já tá sabendo que em breve, tiro ele do ar...

Por outro lado, os novos ares do mundo virtual também trazem uma nova página, meio lúdica, meio louca, e super minha... como eu, complexa... é o EU Complexo, novo blog entrando no ar, com a antiga tarefa do Audácia incrementada com uma pitada a mais de devaneios...

Espero que todos curtam os novos espaços...
Continuamos nos vendo no mesmo bat-canal, um antigo sai do ar, e um outro vem bombando...

Espero sempre as visitas e os comentários nessa Caixa nossa de sempre...
Abraço forte,

Murilo Araújo
Âmbar
Tá tudo aceso em mim,
Tá tudo assim tão claro,
Tá tudo brilhando em mim...
Tudo ligado...
Como se eu fosse um morro iluminado por um âmbar elétrico

Que vazasse dos prédios

E banhasse a Lagoa até São Conrado...

E ganhasse as Canoas
aqui do outro lado...
Tudo plugado,

Tudo me ardendo

Tá tudo assim queimando em mim,

Feito salva de fogos
Desde que sim, eu vim

Morar nos seus olhos...

Tá tudo assim queimando em mim...
Comno salva de fogos
Desde que sim, eu vim
Morar nos seus olhos...

Eu quero um colo,
Um berço,
Um braço quente em torno ao meu pescoço...
Uma voz que cante baixo,
E pareça querer me fazer chorar...
Eu quero um calor no inverno,
Um extravio morno da minha consciência,
E depois, sem som, Um sonho calmo...
Um espaço enorme...
Como uma lua rodando entre as estrelas...

Maria Bethânia

...

Para ouvir e/ou baixar a música, clique aqui
...

A sublime e vagarosa quebra dos pudores...



Maldita a hora em que te revejo...
O desassossego do teu sorriso vai me balançar até o fim do dia...
Torturante presença deliciosa,
Olhar teus olhos pretos
Que se desviam dos meus num sorriso desconcertado
De quem age tranquilo
Por não conhecer essa coisa forte e talvez proibida
Que sacode o baú da minha história
E mexe com meu mais sensível presente a cada vez que apareces...
Maldita pra mim, a hora em que te vejo,
E fuço e acho em ti a realização do meu passado...
Maldita a hora que por vezes desejo,
Quando forço encontros casuais,
E falo bobagens, ansiosamente desesperado,
Esperando o momento sutil do sorriso,
Instante sutil e intenso,
Em que me guardo para não te levar comigo,
E deitar contigo,
E talvez não fazer nada,
A não ser mexer no teu cabelo, deitado em ti,
Te aquecendo com meu corpo e te vendo dormir,
Pele a pele,
Todos os pontos de toque,
Pontos de troca de todas as energias que fluam de mim para ti,
Todas as energias que fogem do meu corpo...
Esse corpo que se abre sempre que te vê,
Sem que eu governe,
Sem que eu controle os meus olhos ansiosos,
Que te buscam sempre...
Sem escrúpulos...

Murilo Araújo, 28/03/2009

...

Último romance
Não sei como consigo não chorar todas as vezes que escuto esse som...
Enfim, releituras para a vida.........





Eu encontrei-a quando não quis mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer...
Antes um mês e eu já não sei

E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei...
E ninguém dirá que é tarde demais,
Que é tão diferente assim
...
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!

Me diz o que é o sufoco,
Que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar

E se o caso for de ir à praia, eu levo essa casa numa sacola...

Eu encontrei-a e quis duvidar...
Tanto clichê deve não ser...
Você me falou pr'eu não me preocupar:
Ter fé e ver coragem no amor...

E só de te ver,
Eu penso em trocar a minha TV num jeito de te levar a qualquer lugar que você queira
,
E ir onde o vento for, que pra nós dois sair de casa já é se aventurar...

Ah vai!

Me diz o que é o sossego
,
Que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar...
E se o tempo for te levar,
eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar

Los Hermanos (Rodrigo Amarante)

...
Poema rido...




Talvez a identidade que não revelo (ainda)
Seja a que melhor me expresse...
Talvez só me conheçam
Alguns poucos olhares...
Algum definitivamente ausente
(Que me traduziu antes de mim)
E alguns outros olhares
Que nunca me viram:
Desonestidade mútua,
Cúmplice,
Incerta,
Viciante...
Deixar-se conhecer por alguém
Que talvez nunca apareça
Que talvez desapareça
Pela ação instantânea da vara mágica
Que lança poluição invisível pelos ares...
Teoria do caos?
É...
Lembro-me também dos olhar que provoca
E externaliza meus gritos abafados pelo medo...
Medo do mais me deveria despertar confiança...
Curtos espaços de tempo
(Que é o tempo, de fato?),
Grandes transformações - ou novas descobertas do que foi silenciado um dia
E que hoje, enfim, transforma-se em palavras
Ditas e não-ditas (porém nunca caladas),
Ao menos reconhecidas por essa história minha,
Nessa história minha
E nesse presente ápice meu...
Devaneios...
(Passamos eras acumulando barris de pólvora,
E, de repente,
A mínima faísca gera uma explosão:
Metáfora da gente)
Tirei a máscara que usava ao espelho,
E decidi abominá-la de algumas peças minhas.
Não de todas,
Assim como não deixarei de usar minhas máscaras em algumas cenas ainda,
Porque são necessárias...
E porque, no fim das contas
Traduzem a essência da gente
(Mutável ou não?).
Troquei as peças do guarda-roupa (ou descobri outras lá dentro).
Pretendo usar as novas (ou velhas escondidas)
Para ir a alguns encontros,
Com os outros...
E especialmente comigo...
(Risos livres de um peso...)

16/03/2009

...
Na chuva...


A chuva me traz lembranças daquele dia
O som dos pingos no telhado me traz você
Minha memória flutua por tudo...
E tudo me faz lembrar
A música
A chuva
As pessoas...
Eu, parado...
Você, feliz...
Me mostrando que teu algo de mágico
Estava escondido num lugar que não via...
Você estava linda,
Algo mais que a garota bonita de todos os dias,
Beleza que não via, mas que me tocava...
Tua felicidade sublime me atingia
Me fazia viajar... em transe...
E me entreguei,
Caí na chuva contigo
Peguei na tua mão,
E dançamos, juntos...
Uma celebração, um rito...
E aprendi com você a felicidade das coisas que não se vêem...
E aprendi com você a doar a você um sentimento forte...
Que não se vê,

Mas que é forte...

14/09/2007

...
Janela



Sento-me na janela alta
E sou nostalgia...
Como tenho sido há tempos...
O vento não move as folhas das árvores,
Porque não passa,
E tudo é parado e mórbido
Por um não seu quê
Que angustia e prende...
Queria a janela da poesia de outrora,
A que prendia pelo encanto
Que tinha perfume e moleque (“moleque vento levado”)
E cabelos de moça... brinquedo...
A janela da poesia de outrora
Do inocente amor de menino
Carregada agora da paixão de poeta louco...
Talvez falte o vento
Por faltar-te (ele não vem brincar contigo).
Talvez haja apenas a poesia triste (e sedenta de vinho)
Que ainda me deixa aqui, na janela
Caneta e papel.
Ah, poesia triste (sedenta de vinho)!
Ah, sede de vinho...
Sede de jogar vermelho em tua roupa branca
Pintar-te da cor do meu sangue,
Sangue bêbado de bêbado poeta de janela...
Sede de beber em ti,
De beber-te,
Gota a gota o que tiveres a dar...
De deixar-te provar-me
Até nos embriagarmos da loucura
Das paixões vãs e verdadeiras,
Efêmeras e sublimes,
Vermelhas e bêbadas...
Entregues completamente á beleza de mim e ti,
Quando juntos, um só...

Gabriel Katú, 26/01/2009
Batismo
Creio ter sido este o poema mais louco e mais viajado que o amigo Gabriel tenha escrito. Mas o sinto belo, exatamente por essa capacidade extrema de enlouquecer poeticamente no meio da loucura mecânica e fria do dia-a-dia da gente.


A você, Katú, obrigado por se permitir ser um instrumento do meu auto-reconhecimento, da minha descoberta de mim mesmo... Abraço forte.





Fecho os olhos
Para o ato mais banal e místico do meu dia...
É purificador...
Elevo meu corpo ao sublime
E sinto todas as gotas me caírem na face
Que as deseja e espera...
Sinto me percorrerem o corpo
Como uma prostituta entregue que beija toda a minha pele,
Bêbada
E me leva a um não sei quê de nostalgia
Além do prazer dos músculos do sexo...
Sinto o beijo simples da água,
Serena, singela,
Num simples ritual de expulsar tudo,
Demônios e Deuses,
E vou pensar escrever esses versos...
Versos inúteis, como meu ritual...
Versos intensos, talvez, como meu ritual...
E pensando neles, os esqueço,
Tomado pela traição da mão própria que me seca a fonte
O chuveiro fecha...
Sinto a necessária e dolorosa ida da prostituta entregue,
E a minha pele embriagada se sente seca de repente...
Desejando-a,
Como a um elixir de que precisa
Para continuar a nostalgia do prazer...
(Além de um simples e místico banho,
Algum outro prazer há
Pelos bares de minha vida errante e doce?)
Despeço-me da prostituta,
Sem pagá-la
E vejo-me voltando ao cotidiano lúcido,
Sem os delírios,
E sem a possibilidade de fantasiar um batismo ébrio...
Sem a possibilidade de fantasiar nada...
(Como conseguimos?)
Vejo-me voltando ao cotidiano lúcido,
Talvez sem nostalgia,
E fico na esperança de, em momentos tais como esse
Fazer de todas as coisas banais e inúteis,
Banais e inúteis coisas poéticas...

Gabriel Katú, 08/01/2009
Segunda poesia de três versos...
Quando tenho-te perto,
Tudo o que mais quero
É a delícia de uma noite mal dormida...
Murilo Araújo
...
Coisa vil dos dias...
As coisas estão confusas...
Caminho na rua,
Na noite,
Num deserto,
E um turbilhão de palavras
Me toma a cabeça.
Preocupado em vomitá-las,
Não sei como as cuspirei nesses versos,
Esses versos tão carregados do meu vício pelas coisas banais e poéticas
Esse vício que me torna torpe,
Torto, aos teus olhos...
O vício que me torna egocêntrico,
Excêntrico,
Que me faz negar negar negar tudo...
Qualquer tudo que venha de outros,
O nada.
O nada para essa minha doce alma vil
Que só deseja ser preenchida por algo novo,
Algo carregado da poesia simples das coisas vãs.
Minha garrafa de vinho são meus versos.
Meus cigarros são eles.
Nos quais me atiro e me perco
E por um instante sumo desse mundo sem adjetivação...
Me lanço numa aventura minha
Louca, como eu,
Mas torta, aos teus olhos...
Ah...
Como não entendes?
Por mais vazio que pareça,
É o álcool do meu vinho,
A palha de meu cigarro,
A essência inútil dos meus versos inúteis...
Isso é o que me sacia...
É a coisa vil dos dias
Que de verdade me completa...

Gabriel Katú